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Mato Grosso se consolida como o estado líder na pecuária brasileira, ostentando o maior rebanho bovino do país. Com cerca de 34 milhões de cabeças de gado em 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado respondeu por 14,2% do rebanho nacional, que alcançou 238,6 milhões de animais naquele ano.
Este marco reforça a relevância de Mato Grosso no agronegócio, destacando-se não apenas na produção de grãos, mas também como potência na pecuária de corte.
Neste artigo do portal XConecta Agro Brasil, exploraremos os fatores que tornam Mato Grosso referência na criação de gado, os números do setor, os desafios enfrentados, os resultados preliminares de 2024 e as perspectivas para 2025 e além.
A Liderança de Mato Grosso na Pecuária Brasileira
Mato Grosso mantém a liderança no ranking nacional de rebanho bovino há mais de uma década, resultado de vastas áreas de pastagem, investimentos em tecnologia e um modelo de produção eficiente. Em 2023, o estado registrou 34 milhões de cabeças, número superior ao de muitos outros estados brasileiros combinados. Essa supremacia é tanto quantitativa quanto qualitativa, com avanços em manejo, sanidade animal e produtividade que colocam a pecuária mato-grossense em evidência no cenário global.
O Papel do Centro-Oeste no Agronegócio
O Centro-Oeste, região onde Mato Grosso está localizado, é o maior polo pecuário do Brasil, abrigando 32,1% do rebanho nacional em 2023, ou seja, 76,7 milhões de cabeças, segundo o IBGE. Dentro dessa região, Mato Grosso supera estados como Pará (25 milhões) e Goiás (23,7 milhões), consolidando-se como o principal contribuinte. Esse domínio é impulsionado pela disponibilidade de terras, clima favorável e infraestrutura logística em desenvolvimento, como a BR-163, que conecta o estado aos portos do Norte.
Histórico de Crescimento do Rebanho
O rebanho bovino de Mato Grosso tem crescido consistentemente nas últimas décadas. Em 2017, o estado registrava 29,7 milhões de cabeças, representando 13,8% do total nacional. Em 2020, esse número subiu para 32,7 milhões, alcançando 34 milhões em 2023. Esse aumento reflete estratégias como a retenção de fêmeas para reprodução e a adoção de sistemas intensivos, como o confinamento, que elevam a produtividade.
Marcos Históricos na Pecuária de Mato Grosso
- 1996: Última ocorrência de febre aftosa no estado, iniciando um controle sanitário rigoroso.
- 2004: Mato Grosso assume a liderança nacional no rebanho bovino, posição mantida até hoje.
- 2023: Suspensão da vacinação contra febre aftosa, consolidando o status de zona livre.
Fatores que Contribuem para o Sucesso da Pecuária em Mato Grosso
A liderança de Mato Grosso na pecuária é sustentada por uma combinação de fatores naturais, tecnológicos e estratégicos que garantem sua posição no topo da produção bovina brasileira.
Extensão Territorial e Pastagens
Com uma área de 903.548 km², Mato Grosso possui extensas terras propícias à criação de gado. As pastagens ocupam cerca de 24 milhões de hectares, embora essa área venha diminuindo com a expansão da agricultura. O clima tropical, com estações bem definidas, aliado à qualidade das pastagens, favorece o desenvolvimento do gado durante todo o ano.
Tecnologia e Intensificação da Produção
A pecuária mato-grossense evoluiu com sistemas intensivos, como o confinamento, que reduz o tempo de engorda e aumenta a produtividade por hectare. Em 2023, o estado confinava 1,2 milhão de cabeças, liderando o Brasil nesse quesito. Técnicas como suplementação alimentar, melhoramento genético e manejo sustentável têm elevado a eficiência do setor.
Principais Tecnologias Adotadas
- Confinamento: Permite abate em até 24 meses, contra 36 meses em sistemas extensivos.
- Rotação de Pastagens: Aumenta a capacidade de suporte das áreas de criação.
- Inseminação Artificial: Melhora a qualidade genética do rebanho.
Sanidade Animal: Um Diferencial Competitivo
A sanidade animal é um pilar essencial da pecuária em Mato Grosso. Desde a erradicação da febre aftosa, o estado mantém políticas rigorosas de vigilância. Em 2022, 99,66% do rebanho foi vacinado na última campanha obrigatória, e em 2023 a vacinação foi suspensa, com reconhecimento internacional do status de zona livre sem vacinação em janeiro de 2025 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Isso abre mercados como União Europeia e Estados Unidos.
Os Números da Pecuária em Mato Grosso
Os dados do rebanho bovino de Mato Grosso impressionam e refletem sua relevância no agronegócio brasileiro. Confira os principais indicadores que consolidam essa liderança.
Distribuição do Rebanho por Município
Cáceres lidera o ranking estadual com 1,34 milhão de cabeças, seguida por Vila Bela da Santíssima Trindade (1,13 milhão) e Juara (1 milhão). Municípios como Juína e Colniza também se destacam, somando mais de 5 milhões de bovinos entre os cinco líderes. Esses números mostram a força da pecuária no interior do estado, mas representam apenas 15,3% do total de 34 milhões de cabeças, com os outros 28,8 milhões distribuídos pelos 136 municípios restantes.
Top 5 Municípios com Maior Rebanho de Gado
- Cáceres: 1,34 milhão de cabeças.
- Vila Bela da Santíssima Trindade: 1,13 milhão de cabeças.
- Juara: 1 milhão de cabeças.
- Juína: 884 mil cabeças.
- Colniza: 851 mil cabeças.
Relação Gado por Habitante
Com uma população estimada em 3,7 milhões de habitantes, Mato Grosso tem uma média de 9 bovinos por habitante. Essa proporção destaca a dominância da pecuária na economia e cultura local, sendo uma das maiores do Brasil.
Produção de Carne e Exportação
Em 2023, Mato Grosso abateu cerca de 5 milhões de cabeças, contribuindo para os 10,96 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC) produzidas no Brasil. Desse total, 20,1% foi exportado, com o estado atendendo à crescente demanda global por carne bovina.
Desafios da Pecuária em Mato Grosso
Apesar do sucesso, a pecuária em Mato Grosso enfrenta obstáculos que precisam ser superados para sustentar seu crescimento e atender às demandas atuais.
Competição com a Agricultura
A expansão da sojicultura reduz as áreas de pastagem no estado. Em 20 anos, a área de pastagens caiu de 24,8 milhões para 21,7 milhões de hectares, segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A integração lavoura-pecuária (ILP) surge como solução para otimizar o uso do solo.
Sustentabilidade e Pressões Ambientais
A pecuária mato-grossense enfrenta críticas por desmatamento e emissões de gases de efeito estufa. Práticas sustentáveis, como recuperação de pastagens degradadas e tecnologias de baixa emissão, são fundamentais para atender às exigências internacionais e reduzir impactos ambientais.
Iniciativas Sustentáveis
- ILP: Integração lavoura-pecuária para aumentar a produtividade sem ampliar áreas.
- Recuperação de Pastagens: Meta de reabilitar 15 milhões de hectares até 2030.
- Certificação: Programas como “Carbono Neutro” valorizam a carne sustentável.
Logística e Infraestrutura
A BR-163 melhorou o escoamento da produção, mas gargalos como estradas vicinais precárias e dependência do transporte rodoviário persistem. Projetos como a Ferrogrão são esperados para reduzir custos e aumentar a competitividade.
Atualização: Pecuária em Mato Grosso em 2024 e Perspectivas para 2025
Agora, em 27 de fevereiro de 2025, analisamos os resultados preliminares de 2024 e projetamos o cenário para o restante deste ano na pecuária de Mato Grosso e do Brasil, com base em dados do IBGE, Imea e USDA.
Resultados Preliminares de 2024
Em 2023, o rebanho nacional atingiu 238,6 milhões de cabeças, com Mato Grosso contribuindo com 34 milhões, segundo o IBGE. Em 2024, o rebanho brasileiro caiu para cerca de 233 milhões de cabeças, uma redução de 2,25%, conforme o USDA, devido ao maior abate de fêmeas após anos de retenção. Em Mato Grosso, o Imea relatou em janeiro de 2025 o menor plantel de matrizes da história, impactando a produção de bezerros para este ano. Ainda assim, o abate estadual cresceu 3,5% no quarto trimestre de 2024 em relação a 2023, totalizando cerca de 5,17 milhões de cabeças, conforme dados preliminares do IBGE.
Perspectivas para 2025
Para 2025, o USDA projeta um rebanho nacional de 234,67 milhões de cabeças, com leve recuperação. Em Mato Grosso, o rebanho estadual deve alcançar cerca de 33,8 milhões de cabeças até o final do ano, dependendo da reposição de matrizes. O confinamento, que subiu para 1,45 milhão de cabeças em 2024 (alta de 21%), pode atingir 1,5 milhão em 2025. O status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecido internacionalmente em janeiro de 2025, já impulsiona exportações, com negociações avançadas com Japão e Coreia do Sul.
Fatores-Chave para 2025
- Preços da Arroba: Menor oferta de gado pode elevar os preços após quedas em 2024.
- Custos de Produção: Alta de insumos como milho e soja pressiona os confinamentos.
- Exportações: Novas habilitações podem aumentar a receita em 15%.
Perspectivas Futuras para a Pecuária em Mato Grosso
O futuro da pecuária em Mato Grosso é promissor, com projeções baseadas em tecnologia, mercado internacional e sustentabilidade.
Expansão do Confinamento
Até 2031, o estado deve abater 2,8 milhões de cabeças em confinamento, um salto de 162,4% em relação a 2012, elevando a produtividade para 6,43 arrobas por hectare ao ano.
Acesso a Novos Mercados
Com o status sanitário de 2025, Mato Grosso pode ampliar exportações para Japão, Coreia do Sul e Canadá, aumentando o valor da carne em até 20% até 2027.
Sustentabilidade como Diferencial
A meta é que, até 2030, 50% da carne produzida tenha certificação sustentável, atendendo à demanda global por alimentos responsáveis.
Conclusão
Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do Brasil graças à sua capacidade de unir tradição e inovação. Com 34 milhões de cabeças em 2023, o estado é essencial ao agronegócio nacional, enfrentando desafios como sustentabilidade e logística com soluções modernas. Em 2024, adaptou-se a um menor plantel com mais abate e confinamento, e em 2025, com novos mercados, mantém sua liderança.
Para o XConecta Agro Brasil, acompanhar essa evolução traz informações valiosas aos leitores, destacando o papel de Mato Grosso na pecuária global.
Leandro Gugisch