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A Fruta do Verão: Como Nordeste e Sul Abastecem o Brasil com Melancia

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A Fruta do Verão: Como Nordeste e Sul Abastecem o Brasil com Melancia

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O verão brasileiro tem um sabor especial: doce, suculento e refrescante. E qual fruta representa melhor essa estação do que a melancia? Com sua polpa vibrante e cheia de água, ela é a rainha das mesas nos dias quentes, presente em churrascos, piqueniques e até em receitas criativas.

Mas você já parou para pensar de onde vem tanta melancia? No Brasil, o Nordeste e o Sul são os grandes celeiros dessa fruta, abastecendo o país com milhões de toneladas todos os anos. Vamos mergulhar nessa história, explorar os números, os desafios e as curiosidades dessa cultura que é sinônimo de verão e sustento para milhares de famílias.

Por que a Melancia é a Cara do Verão?

A melancia (Citrullus lanatus) é mais do que uma fruta gostosa. Ela é composta por cerca de 90% de água, o que a torna perfeita para hidratar nos dias escaldantes. Além disso, é rica em licopeno, um antioxidante que ajuda na saúde do coração, e contém vitaminas como C e A, além de sais minerais como potássio e magnésio.

No Brasil, o consumo da melancia dispara no verão, seja in natura, em sucos ou até em sobremesas como geleias e sorvetes. Mas o que faz o Nordeste e o Sul se destacarem na produção dessa delícia?

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Uma Fruta com História

Originária da África Tropical, a melancia chegou ao Brasil no século XVI, trazida pelos colonizadores. Hoje, o país é o quarto maior produtor mundial, atrás apenas de China, Turquia e Irã. Em 2023, segundo o IBGE, o Brasil produziu 1,7 milhão de toneladas de melancia em mais de 150 mil estabelecimentos rurais.

E quem lidera essa produção? O Nordeste, com 37,5% do total, seguido pelo Sul, com 16,8%. Vamos entender como essas regiões transformaram a melancia em um pilar da agricultura brasileira.

Nordeste: O Coração Pulsante da Melancia

O Nordeste é o grande motor da produção de melancia no Brasil. Com um clima quente e seco, ideal para o cultivo, a região combina tradição, tecnologia e paixão pela agricultura. Estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco são os gigantes dessa história, juntos respondendo por 82,41% da produção nordestina.

Bahia: O Gigante da Produção

A Bahia é o maior produtor de melancia do Brasil, com 391.528 toneladas e 18% da área cultivada na safra 2023/24, segundo o IBGE. A cidade de Teixeira de Freitas, por exemplo, viu um aumento de 36,77% na área cultivada na safra 2019/20, atingindo 1.860 hectares.

O segredo? Solos arenosos, irrigação eficiente e um mercado aquecido, tanto interno quanto externo. A melancia baiana não só abastece o Brasil, mas também chega à Europa e a países do Mercosul, como Argentina e Uruguai.

Em 2019, o Brasil exportou 102,8 mil toneladas de melancia, gerando US$ 43,8 milhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Bahia, com sua produção robusta, é peça-chave nesse sucesso.

Rio Grande do Norte: Qualidade e Tradição

Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor nacional, com 283.640 toneladas e 16,7% da produção nacional em 2023, segundo o IBGE. A cidade de Mossoró é um exemplo de excelência, conhecida por produzir melancias de alta qualidade, muitas vezes irrigadas com tecnologias modernas.

O estado colheu essas toneladas em 2023, beneficiado pelo clima semiárido que favorece o cultivo durante todo o ano, especialmente entre julho e dezembro.

A agricultura familiar é forte aqui. Pequenos produtores, apoiados por programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), investem em sistemas de irrigação por gotejamento e sementes híbridas, garantindo frutos doces e suculentos que conquistam mercados.

Pernambuco: Inovação no Semiárido

Pernambuco contribui com 97.975 toneladas anuais, segundo dados do IBGE. A região do Vale do São Francisco, especialmente em Petrolina, é um polo de inovação agrícola.

Estudos da Embrapa Semiárido, realizados em 1998, mostraram que espaçamentos de 3 metros entre linhas e 0,6 a 0,8 metro entre plantas aumentam a produtividade para até 45,29 toneladas por hectare. Essas técnicas, aliadas à irrigação, transformaram o semiárido em um oásis para a melancia.

O uso de esgoto doméstico tratado como água de irrigação, estudado em Petrolândia (PE), também mostrou resultados impressionantes, com produtividades entre 32,4 e 61,1 toneladas por hectare, superando a média nacional de 22,5 toneladas por hectare (IBGE, 2021).

O Papel da Agricultura Familiar

No Nordeste, a melancia é mais do que uma cultura comercial; ela é um sustento para milhares de famílias. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) destaca que o ciclo curto da melancia, de 65 a 110 dias, permite retorno financeiro rápido.

Programas de assistência técnica e crédito, como o Pronaf, ajudam pequenos agricultores a investir em irrigação e insumos, aumentando a produtividade e a qualidade dos frutos.

Sul: O Poder da Melancia no Verão

Enquanto o Nordeste brilha o ano todo, o Sul entra em cena com força durante o verão, de outubro a março. A região, responsável por 18% da produção nacional, tem no Rio Grande do Sul seu principal expoente, seguido por Paraná e Santa Catarina.

O clima temperado, com chuvas bem distribuídas, e solos férteis fazem do Sul um celeiro de melancias grandes e saborosas.

Rio Grande do Sul: O Maior do Sul

Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor nacional, com 283.640 toneladas colhidas em 18.551 hectares na safra 2023/24, segundo o IBGE. Cidades como Encruzilhada do Sul e Triunfo lideram, com produção média superior a 20 mil toneladas anuais por município (2020-2022).

A colheita, que começa em dezembro e vai até março, abastece não só o estado, mas também mercados em São Paulo, Minas Gerais e até no Nordeste.

As chuvas de verão, como as registradas em 2024/25, contribuíram para melancias maiores, mais doces e com casca mais verde, segundo produtores. Isso eleva a qualidade, mas também pode gerar excedentes, exigindo estratégias de comercialização.

Santa Catarina: As Capitais da Melancia

Santa Catarina contribui com 46.012 toneladas anuais, segundo o IBGE, e tem duas cidades que são verdadeiros símbolos da melancia: Caxambu do Sul, a Capital Estadual da Melancia, e Jaguaruna, a Capital Catarinense do Produtor de Melancia.

A produção catarinense movimenta cerca de R$ 40 milhões por safra. Pequenas propriedades, apoiadas por programas de incentivo desde os anos 2000, transformaram essas cidades em referências nacionais.

Paraná: Complementando o Sul

Paraná contribui com 85.968 toneladas por ano, completando o trio do Sul, segundo o IBGE. A região combina técnicas tradicionais com inovações, como o uso de irrigação por gotejamento, que aumenta a produtividade e reduz o impacto de períodos secos.

A melancia paranaense é muito apreciada no mercado interno, especialmente em estados vizinhos.

Técnicas que Fazem a Diferença

A produção de melancia no Brasil é um equilíbrio entre tradição e tecnologia. No Nordeste, a irrigação por gotejamento é quase obrigatória, especialmente em regiões como Goiás e Bahia, onde as chuvas são escassas entre abril e setembro.

Sistemas bem dimensionados podem aumentar a produtividade em até 8 toneladas por hectare, atingindo 30 toneladas por hectare em áreas irrigadas.

Irrigação: O Segredo da Produtividade

Irrigação por gotejamento: É o método mais eficiente, entregando água e nutrientes diretamente às raízes. Em Uruana, Goiás, produtores usam esse sistema para colher melancias em setembro e outubro, garantindo exportações para a Argentina.

Aspersão e sulcos: Menos comuns, mas ainda usados em algumas áreas do Sul, esses métodos exigem solos bem nivelados para evitar perdas. No Nordeste, a aspersão pode aumentar a incidência de doenças foliares.

Escolha de Cultivares

As variedades mais cultivadas no Brasil, como Crimson Sweet, Pérola e Jubilee, são de origem americana e japonesa. Elas são escolhidas por sua resistência a pragas e adaptação ao clima tropical.

Porém, 100% das sementes comerciais são importadas, o que cria uma dependência externa. A Embrapa trabalha para desenvolver cultivares nacionais mais resistentes a viroses e pragas.

Manejo do Solo e Adubação

A melancia prefere solos arenosos, profundos e bem drenados, com pH entre 5,5 e 7. Durante o crescimento dos frutos, ela demanda altos níveis de potássio, nitrogênio e cálcio.

Estudos da Embrapa Meio-Norte, em Parnaíba (PI), mostraram que doses de 97,61 kg/ha de nitrogênio via fertirrigação podem elevar a produtividade para 60,17 toneladas por hectare.

Desafios do Cultivo

Apesar do sucesso, produzir melancia não é tarefa simples. A cultura é considerada de alto risco devido à sazonalidade dos preços e a problemas agronômicos, como pragas e doenças.

Clima e Chuvas

No Nordeste, ventos fortes e chuvas mal distribuídas podem prejudicar a polinização e a qualidade dos frutos. Quebra-ventos são usados para proteger as lavouras.

No Sul, chuvas excessivas na maturação podem causar rachaduras nos frutos, reduzindo seu valor comercial.

Pragas e Doenças

Viroses, como as transmitidas por pulgões, e doenças foliares são desafios constantes. A Embrapa recomenda o uso de múltiplas cultivares para reduzir perdas e diversificar o tempo de colheita.

O cultivo em sequeiro (sem irrigação) é menos suscetível a pragas, mas tem produtividade menor que o irrigado.

Mercado e Preços

Os preços da melancia variam bastante. Em 2019, o preço médio nacional subiu 13% entre janeiro e novembro, segundo a Hortifruti/Cepea. Os menores preços ocorrem em janeiro e abril, quando a oferta é alta.

A ausência de entressafra no Brasil, graças à produção contínua no Nordeste, mantém o mercado estável.

Melancia no Prato: Versatilidade e Sabor

A melancia vai muito além do consumo in natura. No Nordeste, ela aparece em sucos refrescantes e saladas. No Sul, é comum em sobremesas como torta de melancia e geleias.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, pesquisa o uso do suco de melancia como corante natural e antioxidante, aproveitando frutos que não atendem às exigências do mercado.

Dicas para Escolher a Melancia Perfeita

Firmeza: A melancia deve ser firme, sem rachaduras.

Cor: A casca deve ter listras bem definidas, com o lado que toca o chão amarelado (não branco ou verde).

Som: Ao bater levemente, ela deve emitir um som oco.

Peso: Melancias pesadas indicam maior teor de água e doçura.

Impacto Econômico e Social

A melancia é um motor econômico. Em 2023/24, a safra brasileira gerou R$ 2,23 bilhões, com 1,78 milhão de toneladas colhidas em 80 mil hectares, segundo o IBGE.

Além disso, ela é uma fonte de emprego e renda para a agricultura familiar, especialmente no Nordeste, onde pequenos produtores dependem dela para sobreviver em regiões semiáridas.

Exportação e Mercado Internacional

A melancia brasileira conquistou o mundo. Em 2019, exportamos 102,8 mil toneladas, um aumento de 50% em relação a 2018, segundo o MAPA.

Países como Argentina, Paraguai e Uruguai são grandes compradores, além de mercados europeus. A qualidade dos frutos, especialmente das regiões irrigadas do Nordeste, é um diferencial competitivo.

Sustentabilidade e Inovação

A Embrapa e outras instituições pesquisam formas de tornar o cultivo mais sustentável. O uso de esgoto tratado para irrigação, como testado em Pernambuco, reduz a demanda por água doce.

Práticas como o manejo integrado de pragas e a rotação de culturas ajudam a preservar o solo e aumentar a produtividade.

Curiosidades que Refrescam

Capital da Melancia: Uruana, Goiás, é conhecida como a “Capital Brasileira da Melancia” e até realiza um festival anual com concursos como o de Miss Melancia.

Mini Melancias: Variedades sem sementes, como a W 913, são mais caras, mas produzem frutos em apenas 60 dias.

Recorde de Peso: Algumas melancias no Sul chegam a 20 kg, como as cultivadas por produtores em São Jerônimo (RS).

O Futuro da Melancia no Brasil

O cultivo de melancia está em alta. Com a demanda crescente, tanto no mercado interno quanto externo, o Brasil tem potencial para subir no ranking mundial de produção.

Investimentos em tecnologia, como sistemas de irrigação e cultivares resistentes, são cruciais. Além disso, políticas públicas, como as do MDA, continuarão a fortalecer a agricultura familiar.

Perspectivas para 2025/26

Para a próxima safra, espera-se um aumento na área cultivada, especialmente em Goiás e Tocantins, onde a irrigação tem garantido colheitas robustas.

No Sul, a redução de área na safra 2020/21 abriu espaço para preços melhores, e a tendência é de equilíbrio em 2025/26. A alta do dólar também favorece as exportações, especialmente para a Europa.

Conclusão: A Melancia Une o Brasil

Do semiárido nordestino às terras férteis do Sul, a melancia é mais do que uma fruta; é um símbolo de trabalho, inovação e sabor. O Nordeste e o Sul mostram como a diversidade climática e cultural do Brasil pode transformar uma simples hortaliça em um pilar da economia e da alimentação.

Na próxima vez que você cortar uma fatia de melancia, lembre-se: por trás daquele suco doce, há uma história de suor, tecnologia e paixão que conecta o país inteiro. Refresque-se e celebre essa fruta que é a cara do verão brasileiro!

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