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As maçãs são um dos tesouros do agronegócio brasileiro, e a região Sul do país brilha como o coração dessa produção. Com pomares que colorem as serras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o Brasil se consolida entre os maiores produtores de maçã do mundo, ocupando o oitavo lugar no ranking global. Mas quem são os protagonistas dessa história? Como as safras de 2023, 2024 e 2025 têm moldado esse cenário? Vamos mergulhar nesse universo suculento, repleto de desafios, conquistas e frutas crocantes que conquistam paladares no Brasil e além!
Por que o Sul é o Berço das Maçãs Brasileiras?
O clima frio e as altitudes elevadas da região Sul criam o ambiente perfeito para o cultivo de maçãs. Estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná concentram praticamente 98% da produção nacional, com pomares que demandam cuidado manual e técnicas sofisticadas para garantir qualidade. A maçã precisa de invernos rigorosos para florescer, e o Sul entrega exatamente isso, com suas noites geladas e solos bem drenados. Mas não é só o clima que faz a diferença: os produtores da região investem pesado em tecnologia e sustentabilidade para colocar frutas de primeira no mercado.
Santa Catarina: A Rainha das Maçãs
Santa Catarina é o maior produtor de maçã do Brasil, respondendo por cerca de 50% da produção nacional. Em 2022/23, o estado colheu 572 mil toneladas em aproximadamente 16 mil hectares, com um valor de produção que ultrapassou R$ 1,15 bilhão. Cidades como São Joaquim e Fraiburgo são verdadeiros polos da maçã, com pomares que se estendem por colinas e vales, produzindo variedades como Gala e Fuji, as favoritas dos brasileiros. São Joaquim, aliás, é responsável por 42% da produção nacional, com mais de 14 mil hectares dedicados à fruta.
Rio Grande do Sul: O Gigante Gaúcho
Logo atrás, Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de maçãs, com 435 mil toneladas colhidas em 2022/23, também em cerca de 16 mil hectares. Cidades como Vacaria e Caxias do Sul são referências no estado, onde a produção é marcada por investimentos em qualidade e pela busca constante por mercados internacionais. A combinação de tradição e inovação faz do Rio Grande do Sul um pilar essencial do setor.
Paraná: O Complemento Valioso
Embora com uma participação menor, o Paraná contribui com cerca de 3% da produção nacional, colhendo 26,5 mil toneladas em 2022/23. A cidade de Palmas se destaca como o principal polo produtor do estado, com pomares que aproveitam o clima frio da região serrana. Apesar de menor, a produção paranaense é estratégica, complementando o volume do Sul.
Safras 2023, 2024 e 2025: Um Cenário de Altos e Baixos
As safras de maçã no Brasil enfrentaram desafios climáticos nos últimos anos, mas a expectativa para 2025 é de recuperação. Vamos entender como cada ano impactou a produção e o que os maiores produtores do Brasil estão esperando para o futuro.
Safra 2023: O Impacto do Clima
Em 2023, a produção nacional de maçã ficou em torno de 950 mil toneladas, uma queda significativa em relação aos 1,3 milhão de toneladas de 2021, quando as condições climáticas foram ideais. A culpa? Uma seca severa e granizo em 2022, que prejudicaram os pomares do Sul. Santa Catarina e Rio Grande do Sul sofreram com frutos menores e menor produtividade, o que também impactou as exportações, que caíram para cerca de 36 mil toneladas.
Safra 2024: Um Ano Desafiador
A safra de 2024 foi ainda mais complicada, com uma produção estimada em 850 mil toneladas, a menor em anos recentes. O inverno mais quente de 2023 comprometeu a formação dos frutos, resultando em maçãs menores e menos vermelhas, características que dificultam a aceitação no mercado externo. Santa Catarina, por exemplo, teve uma queda de 11% na produção, colhendo cerca de 500 mil toneladas, segundo dados da Epagri/Cepa. As exportações despencaram para menos de 20 mil toneladas, já que mercados como Emirados Árabes e Arábia Saudita, que preferem frutas graúdas e vermelhas, reduziram suas compras.
Safra 2025: A Promessa de Recuperação
A boa notícia? A safra 2024/2025 promete uma retomada! Com um inverno mais frio em 2024, a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) projeta um crescimento de 20%, com uma produção estimada em 915 mil toneladas. As frutas estão maiores, mais coloridas e com melhor qualidade, o que deve impulsionar as exportações para mercados como Índia, Bangladesh e até novos destinos, como Emirados Árabes e Cingapura. A expectativa é que o Brasil volte a níveis próximos da safra de 2021, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul liderando o caminho.
Desafios e Oportunidades para os Produtores
Produzir maçãs no Brasil não é tarefa fácil. A colheita, feita 100% de forma manual, exige cerca de 45 mil trabalhadores por safra, gerando 50 mil empregos diretos no setor. Além disso, o uso de câmaras frias com atmosfera controlada garante que as maçãs cheguem crocantes ao consumidor, mas aumenta os custos. Pragas como a mosca-das-frutas e a grafolita também desafiam os produtores, que investem em tecnologias como a Produção Integrada de Maçã (PIM) para reduzir o uso de agrotóxicos e atender às exigências de mercados internacionais.
Exportações: O Caminho para o Mundo
Embora o mercado interno consuma a maior parte da produção (cerca de 90%), as exportações são um horizonte promissor. Em 2023, o Brasil exportou US$ 30 milhões em maçãs, com destaque para Índia (US$ 11,9 milhões) e Bangladesh (US$ 5,2 milhões). Para 2025, a expectativa é aumentar as vendas para países árabes, que demandam frutas graúdas e vermelhas, podendo alcançar até 10 mil toneladas exportadas para esses mercados. A qualidade das maçãs brasileiras, com sua crocância e sabor, é um diferencial que conquista cada vez mais espaço.
Consumo Interno: São Paulo Lidera
No mercado interno, São Paulo é o maior consumidor de maçãs, graças à sua grande população e poder aquisitivo. Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná vêm na sequência, enquanto o Centro-Oeste e as regiões litorâneas do Nordeste mostram crescimento no consumo. Com um consumo per capita de 4,7 kg por ano, o Brasil ainda está atrás de países como a China (27 kg) e a Europa (14 kg), mas o potencial de crescimento é enorme.
O Futuro das Maçãs do Sul
As maçãs do Sul são mais do que uma fruta: elas representam a força do agronegócio brasileiro, a dedicação de milhares de trabalhadores e a inovação de produtores que enfrentam desafios climáticos e logísticos para entregar qualidade. Com a safra 2024/2025 apontando para uma recuperação robusta, o Brasil está pronto para fortalecer sua posição no mercado global e levar suas maçãs a novos horizontes. Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com seus pomares vibrantes, continuarão sendo os grandes protagonistas dessa história.
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Leandro Gugisch